São Paulo - Grupos religiosos que já trabalham no enfrentamento ao crack em São Paulo criticam a internação compulsória. Coordenador da Missão Belém, parceira do governo desde dezembro, Eliseu Dias acredita que a internação contra a vontade do usuário não surte efeitos.
"Fui dependente e tudo o que fizeram comigo de maneira forçada, até mesmo cadeia, não resolveu. Acredito que não dá certo", diz Dias. Segundo o coordenador, os usuários da cracolândia ficaram assustados com a possibilidade de serem internados contra a vontade. "Por esses dias, fizeram até uma reunião e disseram que iam revidar com facão, faca. Eles se reuniram imaginando o pior."
O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, propôs que em vez de levar juízes e advogados para o centro o governo estadual colocasse mais médicos e assistentes sociais nas periferias. "O problema é que esse plantão judiciário trata apenas as exceções, somente os casos considerados muito graves, mas não apresenta um programa justo de tratamento de dependentes químicos para a sociedade."
O pastor Syllas Hernandes, da Cristolândia (missão da Igreja Batista na região central), também faz críticas ao modelo. "A pessoa deve estar consciente de que precisa de uma mudança, por isso acredito que a internação deva ser voluntária."
FONTE: EXAME