O que é droga?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), droga é qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento.
Dentre os tipos de drogas existentes, as psicoativas, ou psicotrópicas, são substâncias que alteram as sensações, o humor, a consciência ou outras funções psicológicas e comportamentais. Ou seja, são aquelas que atuam sobre o cérebro, alterando nossa maneira de sentir, de pensar e, muitas vezes, de agir.
Uma parte das drogas psicoativas é capaz de causar dependência. Essas substâncias receberam a denominação de drogas de abuso, devido ao uso descontrolado observado com freqüência entre os seus usuários.
Quais os tipos de droga?
Há três classes de drogas: depressoras, estimulantes e perturbadoras (alucinógenas) do sistema nervoso central.
Drogas depressoras do sistema nervoso central
Depressores de ação central ou psicolépticos são substâncias capazes de lentificar ou diminuir a atividade do cérebro, possuindo também alguma propriedade analgésica. Pessoas sob o efeito de tais substâncias tornam-se sonolentas, lerdas, desatentas e desconcentradas.
Exemplos: álcool, benzodiazepínicos, inalantes e solventes, opióides.
Drogas estimulantes do sistema nervoso central
Estimulantes centrais ou psicoanalépticos são substâncias capazes de aumentar a atividade cerebral. Háaumento da vigília, da atenção, aceleração do pensamento e euforia. Seus usuários tornam-se mais ativos, 'ligados'.
Exemplos: cocaína, crack, anfetaminas.
Drogas perturbadoras do sistema nervoso central
As drogas perturbadoras, alucinógenas ou psicodislépticas são aquelas relacionadas à produção de quadros de alucinação ou ilusão, geralmente de natureza visual. As drogas perturbadoras não se caracterizam por acelerar ou lentificar o sistema nervoso central. A mudança provocada é qualitativa. O cérebro passa a funcionar fora do seu normal e sua atividade fica perturbada.
Exemplos: maconha, LSD.
Todo usuário de álcool ou drogas vai se tornar um dependente?
A maioria das pessoas que consome bebidas alcoólicas não se torna alcoólatra (dependente do álcool). Isso também é válido para grande parte das outras drogas.
De maneira geral, as pessoas que experimentam drogas o fazem por curiosidade e as utilizam apenas uma vez ou outra (uso experimental). Muitas passam a usá-las de vez em quando, de maneira esporádica (uso ocasional). Algumas pessoas fazem um uso de drogas que eventualmente causa prejuízos (uso nocivo). Apenas um grupo menor passa a usar drogas de forma intensa e frequente, com conseqüências danosas (dependência).
O grande problema é que não dá pra saber entre as pessoas que começam a usar drogas, quais serão apenas usuários experimentais, quais serão ocasionais e quais se tornarão dependentes.
É importante lembrar porém, que o uso, ainda que experimental, pode causar danos à saúde.
O que é dependência?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem um Código Internacional de Doenças (CID) para classificá-las. Na CID 10a revisão (CID-10) a Dependência é definida como um...
“Conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após repetido consumo de uma substância psicoativa, tipicamente associado ao desejo poderoso de tomar a droga, à dificuldade de controlar o consumo, à utilização persistente apesar das suas conseqüências nefastas, a uma maior prioridade dada ao uso da droga em detrimento de outras atividades e obrigações, a um aumento da tolerância pela droga e por vezes, a um estado de abstinência física. A síndrome de dependência pode dizer respeito a uma substância psicoativa específica (por exemplo, o fumo, o álcool ou o diazepam), a uma categoria de substâncias psicoativas (por exemplo, substâncias opiáceas) ou a um conjunto mais vasto de substâncias farmacologicamente diferentes."
A OMS traça também diretrizes para o diagnóstico que deve ser feito caso três ou mais dos seguintes critérios tenham sido preenchidos durante pelo menos ano:
1 - Forte desejo ou compulsão para usar a substância.
2 - Dificuldade em controlar o consumo da substância, em termos de início, término e quantidade.
3 - Presença da síndrome de abstinência ou uso da substância para evitar o aparecimento da mesma.
4 - Presença de tolerância, evidenciada pela necessidade de aumentar a quantidade para obter o mesmo efeito anterior.
5 - Abandono progressivo de outros interesses ou prazeres em prol do uso da substância (restrição do repertório de atividades).
6 - Persistência no uso, apesar das diversas conseqüências danosas.
O curso da dependência vária segundo o tipo de substância, a via de administração e outros fatores; mas habitualmente é crônico, com períodos de reagudização e remissão parcial ou total.
Qual o melhor tratamento da dependência?
Quando falamos em dependência, a intensidade dos sintomas e a visão que o dependente tem de seu problema são diferentes para cada um. Desse modo, não existe um único tratamento que sirva para todos.
Algumas recomendações, no entanto, podem auxiliar aqueles que procuram a melhor alternativa terapêutica:
1. O tratamento ambulatorial é sempre o mais indicado.
O tratamento ambulatorial é tão eficaz quanto qualquer outro tipo de tratamento.
Quando o consumo de drogas se torna frequente, o cérebro sofre modificações. A partir daí, o indivíduo começa a desenvolver novos padrões de comportamento, para que a droga nunca lhe falte. Mais do que garantir a abstinência, o tratamento é buscar com o dependente alternativas de vida. Isso sóé conseguido se a pessoa permanecer em seu ambiente. Assim, poderá aprender a evitar situações de risco e encontrar outros modos de adaptação e diversão.
2. A internação não é o tratamento, mas uma parte dele.
Muitas pessoas imaginam que a internação seja a melhor ou a única opção de tratamento. Acham, ainda, que a pessoa receberá alta curada. Nada disso é correto. A internação é apenas uma parte do tratamento e deve ser indicada pela equipe multiprofissional em alguns casos muito específicos.
3. A recaída não significa o fracasso do tratamento.
Muitos procuram tratamento após um longo período de consumo. O indivíduo já acumulou muitos problemas e a família está exausta e cheia de expectativas. Todos imaginam que iniciado o tratamento o indivíduo nunca mais usará drogas. Os estudos, no entanto, mostram que durante o primeiro ano de tratamento mais de 70% tem pelo menos uma recaída. Mas ao final de um ano, mais da metade não está usando droga. Isso mostra que a recaída faz parte do processo do tratamento. Não significa seu fracasso. É um momento de reflexão e aprendizado. Estudar os motivos da recaída fortalece o indivíduo e diminui a chance de novos episódios. Não é um momento para questionar a força de vontade do paciente, a competência da equipe ou o apoio da família. É o momento de refletir e reformular as estratégias, com o consentimento de todos os envolvidos.
Onde procurar ajuda?
Os Centros de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (CAPS-AD) são a unidade de saúde especializada em atender os usuários de álcool e drogas, dentro das diretrizes determinadas pelo Ministério da Saúde.
Desta forma, os CAPS-AD oferecem atendimento diário aos pacientes, permitindo o planejamento terapêutico dentro de uma perspectiva individualizada de evolução contínua.
Os CAPS-AD desenvolvem uma gama de atividades que vão desde o atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros) até atendimentos em grupo, oficinas terapêuticas e visitas domiciliares. A equipe multiprofissional também está preparada para atender as famílias dos usuários, que são parte fundamental do tratamento.
Os CAPS-AD devem oferecer condições para o repouso, bem como para a desintoxicação ambulatorial de pacientes que necessitem desse tipo de cuidados e que não demandem por atenção hospitalar.
Os CAPS-AD atuam de forma articulada a outros dispositivos assistenciais em saúde mental (ambulatórios, leitos em hospital-geral, hospitais-dia) e da rede básica de saúde (unidades básicas de saúde etc.), bem como ao Programa de Saúde da Família e ao Programa de Agentes Comunitários de Saúde; também se articulam em torno dos dispositivos de suporte social já existentes nas comunidades, configurando redes flexíveis de cuidados, que possam responder por um determinado território populacional, e que se remodelem de forma dinâmica, mediante a necessidade de inclusão/exclusão de novos serviços e formas de cuidado, de forma pareada pela demanda assistencial.
Verifique aqui os endereços dos CAPS da cidade de São Paulo:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/saude_mental_ad/