Tráfico é a causa de metade das internações de menores na fundação casa
O tráfico de drogas é responsável pela internação de 49,37% dos adolescentes infratores na Fundação Casa na RMC (Região Metropolitana de Campinas). Em 2010, o tráfico era responsável por 32,43% das internações. Os dados são da Fundação Casa e mostram que, no total, 846 menores passaram pela instituição neste ano.
Segundo a DIJ (Delegacia da Infância e da Juventude), a migração para o tráfico tem duas razões principais: além do vício, a venda de drogas é considerada “mais segura” do que o assalto, que vem perdendo espaço no total de infrações. Ainda de acordo com a DIJ, o trabalho da polícia na investigação de tráfico aumentou, fazendo com que o número de prisões também aumentassem.
Para a diretora adjunta da fundação na RMC, Marly Moura, a causa do aumento é a necessidade de alguns adolescentes em entrar para o tráfico para manter o vício, principalmente do crack. “Essa é uma discussão que estamos fazendo com a sociedade. O aumento da vivência na rua e o abandono que o crack proporciona é o que impulsionam esses números”, disse Marly, que aponta a falta de políticas públicas como um dos motivos para o aumento.
Marly ressaltou que a Fundação Casa está preparada para receber esses adolescentes com problemas de dependência química e os mantém longe do vício, mas, quando eles saem, acabam voltando por falta de apoio na sociedade.
Para o professor da Faculdade de Direito da Puc-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas), José Henrique Specie, essa é uma tendência que vem crescendo há algum tempo. “Não existe investimento ou política pública bem definida para este segmento”, aponta Specie.
CRACK
O coronel reformado da Polícia Militar e ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, explica que o crack, por seu baixo valor - uma pedra chega a cuistar R$ 5), tornou-se a principal droga de consumo dos adolescentes. “Qualquer um pode comprar, principalmente quem não tem muito dinheiro, como adolescentes ou moradores de rua”, disse Silva.
O idealizador da ONG Sou Feliz Sem Drogas e ex-coordenador de Prevenção às Drogas de Campinas, Nelson Hossri Neto, considera que, apesar da estrutura, a Fundação Casa não é o local ideal para a recuperação, principalmente por causa do crack. “É necessária uma estrutura especializada em tratamento de dependentes. Mas o fundamental continua sendo o trabalho de prevenção”, completou.
OUTROS CRIMES
A RMC tem são 804 meninos e 42 meninas internadas este ano. Depois do tráfico, o ato infracional que mais internou adolescentes este ano é o roubo qualificado, com 21,52% do total de internações, contra 20,27% em 2010.
Já o roubo, antes entre as maiores causas de internação, viveu uma queda importante, passando de 28,38% do total de internações para 12,66% neste ano. ; depois vem roubo simples, com 12,66%, contra 28,38% no ano passado. A queda no número de internações por roubo simples é, de acordo com o Specie, uma prova da tendência que os especialistas vinham avaliando.
Fonte: jornal todo dia
